sexta-feira, 4 de julho de 2014

Creepy do liker: Não perca sua cabeça


-Bia, vá colocar sua blusa... está muito frio lá fora! – minha mãe gritava mais e mais, sem cessar. Eu odiava meus pais, portanto não ligava – Bia, está me escutando? Bia! Retire esse fone agora e preste atenção em mim! – e ela continuava a insistir nos sermões dela.

Depois de me irritar um pouco com a voz da minha mãe, decidi colocar a droga da blusa. Uma vermelha e branca (desde que eu a tenho, me lembra muito uma blusa de jogador de basquete), com uma calça vermelha. Nunca me dei bem com a família, sempre fui a “ovelha negra”, portanto, não me dou bem com quase ninguém nesse mundo. Sempre fui excluída da sala de aula, nunca tive algum amigo, a não ser as músicas. Mas esses dias de Outubro andam muito estranhos... Parece que um garoto está gostando de mim, não sei exatamente o que dizer. Nunca fui de gostar de paixões. Jamais tive alguém pra gostar, então... você já sabe como é o resto. Todo dia na sala, ele olhava sem parar para mim, e eu nunca entendia o por que.

Dia 26 de Outubro – Aqui começa mais outro dia entediante. As garotas populares estão desenvolvendo um novo projeto: Dead crows (acho que significa Corvos Mortos). Enfeites, fantasias, espantalhos e, claro, abóboras para todos os lados. Ainda nem chegou o Halloween e já estão arrumando tudo. Na escola, os trabalhos são sobre bruxas da época, vilões, serial killers: temas até que bem interessantes para quem fica fazendo trabalho sobre duas famílias que brigavam pelo trono. O garoto continuava a olhar pra mim... está me deixando constrangida até.

-Filha, o que está escrevendo aí no seu diário? – lá vinha minha mãe curiosa novamente.

-Não é da sua conta, mãe.

-Puxa filha! Conta para mim, vai!

-Não.

Ela saiu do quarto, batendo o pé. Não sei o por que de tanta curiosidade, chegava a ser irritante. Sai de casa e fui direto para a plantação de abóboras: precisava escolher algumas que fossem boas para levar para casa e escola. Alguns doces seriam ótimos nessa época do ano. Assim que eu tentava colocar uma bem gorda no carrinho, não notei que havia uma espécie de foice, aparentemente cega do lado. Assim que tropecei numa raiz perto do carrinho, a foice logo caiu em meu braço, fazendo um largo corte. Larguei a abóbora e corri para casa, para tratar do ferimento.
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28 de Outubro – Não pude escrever ontem. Meu braço estava totalmente dolorido, mal pude levantar a mala para ir a escola. Com o braço enfaixado, o pessoal da escola começou a me zoar, mais e mais. Eu estava com muita vontade de pegá-los e matá-los, mas não tinha como. Segurei-me novamente, e o garoto continuava a me olhar. Dessa vez, ele estava mais perto, tentou puxar papo comigo, mas evitei-o. Ele olhava para mim e meu braço, constantemente.
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-Filha – chamou meu pai – eu estava pensando em te levar a um psicólogo... Você anda muito tensa ultimamente. Não sei explicar, mas queria te lev-
-Suma daqui pai. Você e a mamãe são os mesmos: só ligam para meus irmãos, e ainda se acham no direito de me levar para aquele sanatório! VÁ EMBORA!! – gritei.
Meu pai, com medo, correu do meu quarto. Tranquei a porta, já estava irritadíssima com minha família. Queria que usassem suas cabeças para pensar.
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29 de Outubro – Mais 2 dias, e poderei comemorar um dos meus dias favoritos. Na escola, as garotas colocaram figurinhas de abóboras, corvos e bruxas por toda a classe. E uma placa nas minhas costas: “Sou uma abóbora ambulante”. Eu estava irritada novamente, não aguentava esses constantes irritamentos. Assim que chegasse o Halloween, eu ia fazer o maior trote da escola...
O garoto conversou comigo hoje. Pergunto sobre meu braço, doces favoritos etc., aqueles assuntos bem idiotas. Graças a Deus eu consegui fazê-lo parar de falar e fui embora.
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Me encaminhei para a plantação de abóboras novamente. Meu corte estava muito melhor agora, já podia carregar as abóboras sem problemas. Assim que me aproximei da abóbora da ultima vez, notei algo diferente nela: ela estava oca, sem nenhuma “polpa” dentro. Ela havia também um buraco embaixo. Alguém ia usar essa abóbora talvez para fantasia ou algo do tipo. Assim que coloquei a abóbora no chão, um corvo grande pousou encima do fruto. Ele era muito estranho... tinha muitas penas faltando, estava totalmente macabro... e com olhos vermelhos. Aquilo não era normal, decidi então sair do local para maior segurança, já que tinha medo de que algo acontecesse comigo. Enquanto tentava sair da plantação, notei que haviam muitos espantalhos novos... e feitos de cadáveres. Ninguém visitava a plantação a não ser eu, portanto ninguém sabia dos cadáveres. Mas eu também não sabia de onde surgira os corpos. Corri o mais rápido que pude para casa.
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30 de Outubro – Estranho... está chovendo desde manhã, algo muito raro aqui. Novamente as garotas estavam me zoando, mas agora foram longe: jogaram minha mala na privada do banheiro masculino. Só o garoto da minha sala pôde retirar. Agora ele me fazia outras perguntas chatas. Mas entre essas, sobre um novo corvo da região, de olhos vermelhos. Tentei tirar alguma resposta desse garoto, mas sem sucesso. Precisava me preocupar em como assustar as garotas da escola.
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Assim que cheguei em casa, um dos meus irmãos estava suando frio. Estava com muita febre a vômitos constantes, enquanto meus pais apenas brigavam sobre coisas de família e sobre mim, meu outro irmão estava ligando para tudo quanto é amigo, procurando ajuda. Uma confusão. Fugi de casa, fui direto pra plantação. Já estava muito escuro, deviam ser 8 horas da noite. Fui para o centro da plantação, onde estava o corvo da outra vez. Desta vez, fui equipada com uma foice e a longa blusa vermelha/branca. Ia acabar com o corvo, pois ele não me era agradável. Quando cheguei, o corvo estava terminando de bicar a abóbora: ele tinha feito um sorriso macabro na abóbora, com olhos largos. Já estava com muito medo, e desferi o golpe no corvo, que morreu na hora. O sangue malcheiroso jorrou na abóbora, e logo começou a chover. Assim que olhei para trás, havia mais um cadáver (todos os que eu via, eram iguais uns aos outros – irreconhecíveis) como espantalho. Peguei a abóbora malcheirosa e retornei para casa, junto da foice de meus pais. Assim que retornei, minha mãe e pai estavam gritando com meus irmãos, todos muito agoniados. Não sabia o que estava acontecendo. Minha mãe olhou para mim, e me bateu no rosto:
-Sua psicóloga veio e você não estava! Como pôde fazer isso, sua incompetente!!?? QUE É ISSO?? PORQUE ESTÁ COM A FOICE DE SEU PAI?? QUE ABÓBORA É ESSA??
Corri para o quarto e me tranquei. Eu olhava sem parar para os dois objetos malcheirosos... quando a energia acabou. Meus pais estavam subindo as escadas, insanos novamente, e eu também estava literalmente. Coloquei a abóbora em minha cabeça para me proteger, e segurei com força a foice, até que eles arrombaram a porta de meu quarto. Levantei a foice e *TCHOFF!* Cortei minha mãe pelo tórax. Meu pai estava parado, apenas olhando. Eu estava irritada novamente:
-QUERO UMA FAMÍLIA DE VERDADE!! – e cortei meu pai. Desci as escadas procurando pelos meus irmãos: eles fugiram.
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31 de Outubro – era o baile de Halloween. Fui com a cabeça de abóbora, a foice e a blusa para a escola. As garotas estavam de vampiras, fantasminhas etc., todas muito encantadoras até!
-Que isso, Bia? Por que está desse jeito? E como fede! Não tomou banho ontem é? – uma começou a brincar.
As outras se aproximavam de mim, me reprimindo, me denunciando, me isolando. Novamente a energia caiu no meio do ginásio do colégio. Era minha hora de aterrorizá-las... *TCHAFF! TAAC! TCHOFF!* Cortava todas elas, em pedaços. Experimentei a carne da coxa de uma das vampirinhas: lembrava muito a carne crua de porco...
Olhava em volta agora que a luz voltara ao normal: como as portas do salão de baile estavam trancadas, elas não tinham como fugir. Todas estavam mortas agora. Era gostoso ver os rostos brancos delas, principalmente as fantasminhas (combinava com a roupa até). Quebrei uma das janelas do local e voltei para a plantação, que era do lado do colégio. Eu levava os corpos das garotas para as cruzes, onde estavam os cadáveres. Assim que vi, os cadáveres não estavam mais, disponibilizando as cruzes para colocar os corpos das garotas ceifadas.
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-Bia, porque faz isso? Eu gostava tanto de você, faria qualquer coisa por você... porque fez isso? Porque está arrancando os corações delas? – o garoto me perguntava.
-Elas me zoavam demais. Queria ver mesmo se elas tinham coração para fazer tais crueldades. Arranquei suas cabeças para que eu pudesse dizer: elas perderam a cabeça perante mim. E eu não sou boa para você, meu caro. Procure outra pessoa.
-Porque não me mata então de uma vez? Você já acabou com minha vida mesmo, eu te amava demais...
-Eu te amo, como se fosse da família. Aceita fazer parte da minha nova família?
-Que família, sua insana estúpida?
E cortei sua cabeça.
-Não perca sua cabeça,Thiago. Você faz parte da família agora!

Por: Bia

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